Dentre várias notícias, mais uma me chamou atenção; a história de Charles Pereira Gonçalves (nascido em São Paulo aos 13 de agosto de 1973), que ficou conhecido como "Charles da Flauta", músico de talento excepcional; porém, mais um exemplo fruto do sistema de política social falido de nosso país, vitimado pelas drogas. Charles nasceu no seio de uma família humilde da periferia de São Paulo, quando menino aprendeu a tocar flauta sozinho e de pequeno ainda se apresentava junto com seu pai, com seu irmão gêmeo Reinaldo no violão e com o irmão Alex no cavaquinho no centro de São Paulo, por alguns trocados. Os meninos já tinham desenvolvido grande talento musical e o que mais chamava atenção era Charles que encantava e impressionava com sua flauta mágica em meio àquela selva de pedra paulistana, que mesmo com todo aquele barulho incessante, ao ouvir o som da melodia que vinha daquele grupo de meninos, tocava a alma e o coração, e os transeuntes mesmo apressados se viam como num transe imediato parando para ver, ouvir, aplaudir e premia-los por aquele momento de rara descontração.
A descoberta: "...em uma manhã em que levei a Luizinha e a Mariana para passear na praça da República. Chegando, vi três moleques batendo bola e carregando instrumentos, flauta, violão e cavaquinho. Quando começaram a tocar, parei. O som que vinha da flauta não era desse mundo. O rapaz acompanhava o irmão gêmeo, que cantava bonito, mas fazia tais floreios, com tal segurança, que não tive dúvidas de estar diante de um gênio." (Crônica do Nassif) Jornalista Luis Nassif
Vídeo - Recordando quando no Ó do Borogodó
MÚSICO PRODIGIO, GÊNIO DA
FLAUTA
A descoberta: "...em uma manhã em que levei a Luizinha e a Mariana para passear na praça da República. Chegando, vi três moleques batendo bola e carregando instrumentos, flauta, violão e cavaquinho. Quando começaram a tocar, parei. O som que vinha da flauta não era desse mundo. O rapaz acompanhava o irmão gêmeo, que cantava bonito, mas fazia tais floreios, com tal segurança, que não tive dúvidas de estar diante de um gênio." (Crônica do Nassif) Jornalista Luis Nassif
Vídeo - Recordando quando no Ó do Borogodó
Charles ficou conhecido aos 14 anos, quando ganhou o II Prêmio Sharp de música (1988); neste mesmo ano gravou um antológico LP de choro "Pinguinho de Gente" que fez sucesso como previsto, época em que participou do Fantástico que fez diversas matérias sobre ele, participando também em diversos programas de televisão como Faustão, Jô Soares, Hebe Camargo entre outros; e, em um encontro de músicos na Holanda, patrocinado pela Unesco foi considerado "hors concours" e voltou com uma medalha. Depois disso, com a ajuda do maestro Julio Medaglia, ganhou uma bolsa para estudar na Alemanha, mas não chegou a ir por falta de patrocínio. Charles foi convidado para tocar com Paulo Moura, Arthur Moreira Lima entre outros; e foi reconhecido como flautista excepcional por talentos inquestionáveis como os mestres Altamiro Carrilho 『que também foi seu mestre e incentivador』e Toninho Carrasqueira.
A esperança de um jornalista: "...Pode ser que dê certo, mas vai ser necessária muita luta, pois Charles nasceu num país que não tem por costumes respeitar nem gênios, nem músicos, nem crianças." Luis Nassif - Folha
A DÁDIVA DA MÚSICA, TÉCNICA AVANÇADA; AS DROGAS E A
LUTA PARA SAIR
Foram poucos os anos de glória. Tudo parecia caminhar para um desfecho feliz; porém, do início dos anos 1990 se veredou por caminhos muito diferente com obstáculos que se tornou quase que intransponível e cruel, o caminho das drogas, o crack. Passou 2 anos nas ruas e foi resgatado quando morava debaixo de um viaduto, no centro de São Paulo; estava muito doente, ficou com tuberculose, foi internado e operado 『Renata Ferreira, coordenadora da Secretaria de Assistência Social de São Paulo - época em que demonstrou interesse em sair das drogas e das ruas』. Naquela ocasião no ano de 2008, começou a frequentar as reuniões dos Narcóticos Anônimos para sair das ruas e das drogas.
A torcida para que retorne: "...Quem sabe surge ainda um momento, um estalo nesse rapaz, volte para seu talento e para sua capacidade de encantar o mundo com a sua flauta." Julio Medaglia - maestro. Portal Globo.com
"...Que DEUS salve o Charles Gonçalves do destino que fulminou o menino Charles da Flauta." Luis Nassif - Folha
Faculdade de Medicina da
USP – dependência química é uma
síndrome caracterizada pela perda do controle do uso de determinados agentes
psicoativos; que atuam sobre o sistema nervoso central, provocando reações e
estimulando o consumo sucessivo dessa substância.
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CHARLES DA FLAUTA, DO CHORINHO AO CHORO DA DROGA – A RECAÍDA, A LUTA E O
RENASCER
Nas ruas reencontrou as drogas e uma farta rede de possibilidades que lhe facilitavam o acesso; as más companhias, de estrutura psicológica frágil e respaldo insuficiente, fizeram com que o canto das drogas fossem mais forte que foi tomando vulto até Charles não poder mais resistir, voltando ao consumo do crack - a recaída. Charles foi preso, perdeu suas flautas transversas, ficou sem recursos e tudo que conseguia, acabava sendo levado pelo ambiente que os cercava. Foi novamente para a vida das ruas onde mora com a companheira numa barraca improvisada sem garantias de um amanhã. Numa dessas ocasiões foi encontrado e amparado por um policial militar de SP - a solidariedade, que com o seu consentimento o encaminhou novamente para um centro de recuperação [Charles voltou a demonstrar fortes evidencias de querer sair das drogas e retomar seu caminho - a luta], não vai ficar internado mas vai receber assistência de especialistas e ex-dependentes. Charles recebeu também a visita da equipe do Domingo Espetacular da Rede Record que o levou para ver um ensaio da Orquestra Sinfônica de Heliópolis aonde após ser ouvido pelo maestro Isaac Karabtchevsky recebeu o convite para integrar ao grupo do conservatório, e entusiasmado se agarrou à nova oportunidade recebida.
Um reconhecimento: "...Ao ganhar uma flauta soprano, discutia sobre as condições técnicas entre o modêlo germânico e o barroco como facilidades par se tocar o choro. Fabuloso. Um patrimônio da música paulista, Charles é um grande artista que está à deriva e precisa, de novo, de auxilio sincero. Seu sopro, mesmo que com apenas um pulmão, ainda enche de encanto o espaço por onde se apresenta com sua flauta. A sociedade deve se esforçar para recuperar este talento e evitar o pior. É uma questão dura, porém, clara: não basta somente ele querer. É preciso que o entorno lhe estenda a mão e o salve também. José de Almeida Amaral Junior - economista e professor universitário em Ciências Sociais, colunista do Jornal Mundo Lusíada On Line e das emissoras de Rádio 9 de Julho AM e Cantareira de São Paulo 『artigo Charles chora na flauta a droga vivida』.
Pesquisa do Hospital das
Clínicas – o uso do crack está se
ampliando em relação à cocaina. O crack atinge o sistema nervoso central de
forma mais devastador e rápido que a droga aspirada gerando uma dependência
gravíssima e de difícil tratamento; tornando-se assim mais frequentes as
“recaídas”: 50% nos primeiros 6 meses e 90% no primeiro ano; portanto,
classificada como doença crônica e não como uma opção do sujeito.
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RENASCER
O choro do mestre - Altamiro Carrilho
No Brasil existem muitos Charles; o Brasil é um país rico em tudo, é também um país rico em talentos que precisam ser lapidados, salvos e conservados. O Brasil precisa de educação, saúde, segurança, etc.... Só assim poderemos dizer que o Brasil vai ser o melhor. Não somente melhor nas demagogias, nas corrupções, nas conversas fiadas, etc....
Fontes: CTviva, Portal Globo.com, Folha UOL, Radio Cantareira, Brazilianguitar, Wikipedia
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